terça-feira, 12 de janeiro de 2010

No meu céu ao crepúsculo tu és como uma nuvem
e a tua cor e forma são tal e qual as quero.
Tu és minha, tu és minha, mulher de lábios doces
e vivem na tua vida os meus infinitos sonhos.

A lâmpada da minha alma ruboriza-te os pés,
o acre vinho meu é mais doce em teus lábios,
ó segadora da minha canção ao entardecer,
como te sentem minha os meus sonhos solitários!

Tu és minha, tu és minha, vou gritando na brisa
da tarde, e o vento arrasta a minha voz viúva.
Caçadora do fundo dos meus olhos, o teu roubo
estanca como a água o teu olhar nocturno.

Na rede da minha música estás presa, meu amor,
e as minhas redes de música são largas como o céu.
Nasce-me a alma à beira dos teus olhos de luto.
Nos teus olhos de luto começa o país do sonho.


Pablo Neruda

1 comentário: